HISTÓRIA

Brasília viveu entre o final de década de 1970 e começo de 1980, um de seus momentos mais criativos e fecundos, marcados por uma mobilização cultural de resistência, inventividade, improviso e entusiasmo que marcou fortemente toda uma geração e influenciou as seguintes. Assistimos ao momento em que a cidade-capital nasceu para a arte: vem à tona primeira geração de artistas, poetas e músicos falando de nossa vida no planalto central, nossos anseios, nossas tristezas e alegrias.

Identificado com o movimento denominado Poesia Mimeógrafo, o grupo surge nas ruas de Brasília no final de 1979. O primeiro “ensaio” do que seria o embrião do Liga Tripa ocorreu sob as marquises de um bloco da superquadra da 312 sul.

O Liga Tripa fez história com sua pegada mambembe e com as apresentações inesperadas: “ele é resultado de uma tendência que aconteceu nos anos 80 na poesia”, analisa Aldo Justo, “de poetas-mimeógrafos que saiam à rua vendendo seus poemas numa atitude também política, clara de protesto quanto à falta de liberdade”. Brasília era vista como cidade sem uma cultura definida e sem referenciais próprios à época, e o Liga Tripa inventou esses espaços: “ao sair pela rua, a gente bateu numa porta fechada, de um espaço que psicologicamente não pertencia à população, à cultura”, conta Aldo.

As apresentações do Liga Tripa sempre surpreendem pela ousadia e improviso. O grupo seduz o público e cria com ele uma imediata identificação. Seus temas são visões poéticas da paisagem do cerrado, da arquitetura brasiliense e do modo de viver numa cidade incomum.

A criatividade do grupo também traz ao espectador a sensação de assistir a algo diferente no panorama da MPB, com canções de altíssima qualidade, letras com uma poesia forte e incomum e as fusões rítmicas que caracterizam todo o seu trabalho musical: sambas sem sotaque carioca nem baiano, baiões e frevos com sabor candango, marcantes influências do jazz e da música experimental.

O nome Liga Tripa veio de um apelido que Aldo recebeu nos tempos de adolescente, como chacota de um chefe de seu trabalho, e o batismo se deu na chamada “Nave Louca”- república onde moravam o compositor Ita Catta Preta (falecido) e o próprio Aldo Justo, fundadores do Liga Tripa juntamente com a amiga Lu Blues.

Até 2013 o grupo possuía apenas um LP, lançado em 1988, gravado ao vivo no Auditório de Musica da UnB. Nesse mesmo ano, quando completou 35 anos de formação, foi lançado no Clube do Choro o CD “É Se Há” registrando importantes obras originais do grupo, trazendo músicas já presentes e lançamentos anteriores. Ainda em 2013, Moacir Macedo homenageia o grupo com o lançamento de uma publicação com relatos históricos, fotografias, ilustrações, textos publicados e letras cifradas. Um rico material que conta a história do Liga Tripa.

(fonte: Publicação 1979-2014: 35 anos de Liga Tripa, Comunicar, Moacir Macedo)

ATRÁS

FINO | Percussão e efeitos

ALDO JUSTO | Voz e violão

CARRAPA DO CAVAQUINHO | Voz e cavaquinho

FRENTE

SÉRGIO DUBOC | Voz e violão

JONATAS CALORO | Voz, contrabaixo monocórdio acústico e violão

TONINHO ALVES | Voz e flauta transversal

ANDRÉ ARRAES | Percussão e contrabaixo

BIOGRAFIAS

ALDO JUSTO | O compositor gaúcho Aldo Justo chegou em Brasilia em 1972 onde iniciou sua carreira musical participando com expressivos resultados de festivais de música da cidade. No final de 1979, influenciado pelas teorias de Augusto Boal (Teatro do Oprimido) e pelo também libertário movimento poético Geração Mimeógrafo, fez surgir nas ruas e bares de Brasília juntamente com Ita Catta Preta (falecido) e Lucia Blue – o Grupo Liga Tripa. “O mais brasiliense dos grupos musicais” (Irlan Rocha Lima) se fortaleceu com a entrada de músicos e compositores da importância de Sérgio Duboc , Jonatas Caloro, Carrapa do Cavaquinho, Toninho Alves, Agnaldo Fino e André Arraes, entre outros, marcando seu nome da Historia da Musica Popular Brasiliense.

ANDRÉ ARRAES |  Nascido em 16/10/1980 em Brasília DF, Mestre em Educação Musical pela UnB, é professor na Educação Especial para alunos com altas habilidades e Superdotação em música na Secretaria de Educação, em Sobradinho, desde 2010. Profissionalmente atua desde 1999 no cenário de Brasília. Atua como baixista e percussionista.  Tocou em inúmeros grupos da cidade entre eles Liga Tripa, Carrapa do Cavaquinho, Projeto Partido Alto, Talo de Mamona, Nanã Matos. Possui disco autoral em pesquisa de estilos e ritmos, intitulado “Cartografia Sonora”, lançado em 2011 pelo projeto FAC. Possui ainda participações em outros discos como As Melissas, Uliana Dias, Projeto Partido Alto, Liga Tripa e Carrapa do Cavaquinho.

CARRAPA DO CAVAQUINHO | Integrante do Grupo Liga Tripa desde 1980, Carrapa do Cavaquinho está completando seus quarenta anos de carreira através dos quais vem contribuindo para a cultura brasiliense executando obras de artistas brasileiros renomados e compondo peças para cavaquinho e viola caipira. Ao longo de sua trajetória o artista se apresentou nos mais diversos palcos de Brasilia – Concerto Cabeças, Teatro Galpão, Teatro Garagem, Teatro Nacional, Clube do Choro – e também de outros estados – Sesc da Paulista, Itaú Cultural SP, Mercado Cultural em Salvador, Projeto Pixinguinha Regiões Sul e Sudeste e em países como Nicarágua, Portugal, Espanha e Itália. Licenciado em Música pela Universidade de Brasília, onde também concluiu seu Mestrado com o tema “Tradição e Inovação no Cavaquinho Brasileiro”, Carrapa é professor do referido instrumento na Escola de Música de Brasília. O artista tem dois CDs gravados: Carrapa do Cavaquinho e a Cia de Música (1998), com 14 mil cópias vendidas de mão em mão e o CD Café Centro-Oeste (2015), esse último patrocinado pelo FAC – DF.

FINO | Aguinaldo Gomes de Souza, o “FINO”, chegou em Brasília nos idos de 1970, direto de São Paulo(SP) para cursar a UnB, onde teve contato como as mais variadas expressões culturais tais como: teatro, fotografia, música, artes plásticas, etc. Começou se apresentando em festivais e encontros musicais no SESC, UnB, Concerto Cabeças, Caldeirão da Arte, etc. Participou de grupos musicais tais como Flor do Cerrado, Murundum, Banda Sinal de Fumaça, além de participar como músico em espetáculos teatrais e de dança. É integrante desde 1986 do grupo Liga Tripa já conhecido em Brasília e com passagem em diversas cidades do Brasil e participação no V Encontro Latino Americano de Arte e Cultura em várias cidades da Nicaraguá. Vem, desde 1997 mantendo um trabalho paralelo de chorinho e MPB Instrumental com Carrapa do Cavaquinho e a Cia de Música, com apresentações em várias cidades do Brasil e participação no XVI Festival Internacional de Música de Pulso e Pua em La Coruña, Espanha, em 2005. Fez parte de gravações de vários discos como: Liga Tripa Informal, Liga Tripa e Choro Livre, Carrapa do Cavaquinho e a Cia de Música, Célia Porto, Brasília Ano 30, Pra Pira Brasília e Zelito Passos.

JONATAS CALORO | O compositor Caloro desenvolve trabalhos de composição solo e com parcerias com outros integrantes do grupo, poetas e músicos da cidade, tendo se apresentado individualmente em vários eventos na cidade. Tem uma faixa gravada em um CD coletânea do prêmio Renato russo de 1998, onde foi selecionado dentre vários compositores da cidade. Desenvolve também trabalho voltado para o público infantil, explorando letras e melodias inspiradas no ponto de vista da criança que observa o mundo ao seu redor. Caloro toca, no Liga Tripa, um instrumento original: o contrabaixo monocórdico africano, que tornou-se a marca registrada do grupo.

SÉRGIO DUBOC | Compositor, arranjador, cantor e violonista, referência cultural na cidade de Brasília. Desenvolve também outras parcerias e trabalhos. Foi um dos ganhadores da Feira Pixinguinha / 79, inauguração da sala Funarte, com a música “Tão Logo” em parceria com Paulo Tovar, com gravação em LP das 12 finalistas. Fundou na década de 70 o grupo “Entressafra”, o grupo “A banda dos aflitos”. Participou de diversas gravações em disco e em vídeo com o grupo Liga Tripa (no qual entrou em 1981), com participações em discos como “A profissão do Sonho” de Clôdo, Climério e Clésio, “Brasília 30 anos” produzido pela Fundação Cultural do DF, “Palhaço Bonito” de Célia Porto, com a música “Samba da rua 8” (Sérgio Duboc-Flávio Faria- Vicente Sá) além de LP e CD do grupo. Fez os arranjos, direção musical e tocou violão no CD “Carrapa do Cavaquinho e a Companhia de Música”. Teve, ainda, gravadas as músicas “Estação Parada” (Sérgio Duboc-Flavio Faria-Vicente Sá) pela cantora Flora Garcia e Batuca Tamborim(Sérgio Duboc-Vicente Sá) pela cantoria Nathalia Lima. Atualmente está em fase de finalização de seu primeiro CD solo. Realiza, também, um show com Ângela Barcellos, contando histórias e cantando músicas que contam histórias também, com apresentações em Universidades, teatros, bares e barcas de espetáculos.

TONINHO ALVES | Natural de Brasília é bacharel em Flauta transversal pela UnB na classe da professora Odette Ernest Dias. Foi professor do instrumento na Escola de Música de Brasília por 27 anos. Integrante dos grupos instrumentais “Alma Brasileira Trio” com um CD gravado e apresentações por várias capitais brasileiras e na América Central e do Quarteto de Flautas “Pé de Vento”. Lançou alguns CD´s independentes de canções próprias: “Por Prazer” (2001), “Mãe Divina” (2014) e ”Altar dos Orixás” (2018). Toninho é compositor de trilhas para vídeo e teatro. Já tocou e gravou com artistas de renome como: Hermeto Pascoal, Claudio Nucci, Elton Medeiros, Eduardo Rangel, entre outros.

Este projeto é realizado com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal